JUMA | História de vida | Bioma Pantanal | Helenilson Persi — Cuiabá (MT)
Por Luiza Ferreira
“A interferência negligente das comunidades no ecossistema pode ser catastrófica para gerações inteiras”
Helenilson Persi tem 30 anos e é natural de Cuiabá, Mato Grosso. Helenilson chegou a cursar Arquitetura e Urbanismo, mas acabou se especializando em Comunicação Audiovisual, pois, decidiu investir na sua criatividade na comunicação. Para ele, “ajudar pessoas e marcas a serem reconhecidas com uma identidade própria em sua relação com o público” é algo tremendamente enriquecedor, um dos motivos para seguir nessa área.
Para Helenilson, a riqueza da biodiversidade brasileira é incomparável com qualquer outro lugar do mundo, de Londres à Suíça. E foi viajando pelo Brasil que ele descobriu as belezas do país.
“Acredito que temos um país esplendoroso com uma política que não corresponde às suas riquezas e grandezas, infelizmente”, diz.
O cuiabano ressalta o apreço que tem pela plasticidade da natureza humana e da ciência. A influência das tecnologias na construção da sociedade é algo que o admira.
Helenilson relembra a sua infância e o quanto se entusiasmava quando os professores apresentavam as características do seu bioma originário.
“Como crescemos cercados pela biodiversidade, ainda hoje, é possível encontrar capivaras em alguns dos parques públicos de Cuiabá.”, complementa.
Para ele, o solo mato-grossense é encantador, com cenários repletos de cachoeiras, largos horizontes, frutas diversas, tudo isso faz parte de uma identidade cultural. Para o comunicador, a sua relação com o seu bioma é algo indescritível, viver e fazer parte dele cotidianamente é uma experiência singular.
Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciaias (Inpe), nos quatro primeiros meses de 2022 foram registrados 175 focos de queimadas no Pantanal, superior aos 148 no mesmo período do ano passado, um aumento de 18,2%. Para Helenilson, as notificações das queimadas são um desalento para o povo mato-grossense.
“No Mato Grosso, sofremos muito com as queimadas. Talvez seja o maior desafio na conservação do bioma. Conviver com a natureza é aprender com seus ciclos, e a interferência negligente das comunidades ou das autoridades nesse ecossistema tão rico pode ser catastrófica para gerações inteiras”, acrescenta Helenilson.
A parte mais difícil, segundo ele, é ligar a TV e acompanhar os noticiários que informam sobre as queimadas. Ele acredita fortemente na preservação do bioma para que fauna e flora sigam em equilíbrio e para que todos possam desfrutar dos recursos naturais de maneira mais consciente.
O cuiabano vê a influência da biodiversidade ao seu redor de diversas formas em sua vida. O “calor” e o “verde” fazem parte da sua rotina diária e refletem principalmente em suas emoções, seu humor, sua criatividade e disposição.
Quando questionado sobre as ações necessárias para a preservação dos biomas brasileiros, Helenilson enfatiza a adoção de políticas eficazes de conscientização como uma medida essencial nesse enfrentamento, além do reconhecimento das deficiências presentes no mecanismo da gestão pública. Para ele, se não há consciência do que está sendo feito, não há mudança efetiva de comportamento.
O comunicador acredita que o Brasil precisa, mais do que nunca, se posicionar como liderança global na questão da preservação ambiental, pois, é ele quem abriga a maior floresta verde do planeta Terra, e dona de matérias primas muito cobiçadas pela indústria mundial. Mesmo que na maior parte do tempo, a história que o Brasil inscreveu sobre o meio ambiente tenha sido uma história de exploração, ele aponta que ainda há tempo para um novo caminho.
“No fim, espero que o Brasil cuide das suas verdadeiras riquezas e não negue ajuda mundial para viabilizar projetos que mobilizem as nações em virtude das mudanças climáticas que afetam milhares de famílias e comunidades todos os anos. Quem pode esperar mais do que isto?”, finaliza.
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